Atendendo
sugestão de nossa clientela, publicaremos, numa série, histórias e curiosidades
dos elementos que constituem o ambiente físico do Baioke.
A BUSCA POR UMA
CANOA
Na
composição do ambiente do Baioke pensamos em expor peças de barro da comunidade
de Muquém, remanescente dos quilombolas da Serra da Barriga. Precisaríamos de
uma estante, ou coisa parecida. A primeira ideia foi um móvel em madeira de
demolição. Mais interessante, todavia, se pudéssemos aliar na mesma composição
as marcas das duas culturas, africana e indígena. Do formato de estante veio a
ideia de uma canoa, que servisse de expositor para as cerâmicas.
Mas,
que canoa? Esta teria que representar bem as técnicas indígenas em sua
construção.
Buscamos
ao longo da Lagoa Mundaú, nas proximidades de Fernão Velho, uma já em desuso.
Encontramos algumas. Nenhuma como desejávamos. Dias depois, soubemos de uma que
estava afundada, bem deteriorada, na mesma região. Quem nos deu a dica dizia
“não vai servir, é muito velha, já está lá há mais de trinta anos”. Isso soou
como uma melodia. Era ela, exatamente como queríamos.
Segundo
informações dos ribeirinhos, a “nossa” canoa data da década de 1940. Seu casco
é peça única, entalhada em um tronco de jaqueira. Técnica típica de nossos
ancestrais indígenas.
Restauramos
suas laterais, seccionamos ao meio, instalamos iluminação, verticalizamos sua
postura e assim surgiu nossa “estante” expositora das cerâmicas de Muquém.
Essa
canoa é uma das peças mais marcantes de nosso ambiente. Um dos fundos
preferidos do público que registra sua passagem pelo Baioke em fotografias.
Para
nós, é quase um santuário em homenagem aos primeiros brasileiros, dos quais
somos herdeiros muitas vezes ingratos.